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Home office permanente: exagero ou realidade?
POR
ALEXANDRE RODRIGUES DE OLIVEIRA (ALEXANDREOLI)

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Publicado em
12 / 08 / 2020
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Sócio Rio Bravo Investimentos
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Facebook aluga 70 mil m² em um prédio corporativo em Manhattan e coloca em xeque a narrativa do “Home Office permanente”.


Em meio a tantas discussões sobre o futuro dos escritórios corporativos com a intensificação da adesão ao teletrabalho, causado pelas restrições sociais exigidas pela pandemia de Covid-19, uma notícia muito emblemática sobre o assunto colocou mais uma pimenta no debate sobre o seu futuro. Na semana passada, o Facebook alugou aproximadamente 70 mil metros quadrados do “The Farley Building”, edifício corporativo em Manhattan, Nova York da Vornado Realty Trust1, um REIT (denominação para os Fundos Imobiliários americanos). A pergunta que fica é: o que faria uma empresa de tecnologia, que já anunciou Home Office permanente para muitos de seus funcionários e está completamente habituada ao funcionamento desta modalidade de trabalho, alugar uma quantidade significativa de espaços corporativos em meio a uma pandemia? Vamos buscar abrir as possibilidades neste artigo, fazendo um paralelo com o mercado brasileiro.


Primeiro, vale ressaltar que, até este momento, o Facebook não anunciou o fechamento de nenhum escritório por conta desta locação, o que sinaliza uma absorção líquida de novos espaços. Em um comunicado enviado ao mercado, o Facebook anunciou que eles estão continuamente crescendo e expandindo sua presença em Nova York e o The Falry Buinding vai ancorar sua presença na cidade e criar um hub de interação para os engenheiros e programadores da empresa. Com esta nova locação, o Facebook já alugou mais de 200 mil metros quadrados de escritórios na região deste edifício, que tem sido muito demandada por empresas de tecnologia como o novo hub de inovação de Nova York.


Com isso, já podemos destacar que, assim como Manhattan, o mercado brasileiro também possui regiões que continuam e continuarão a ser demandadas por grandes empresas mesmo durante a pandemia. Isto porque edifícios corporativos de excelente qualidade, com boa oferta de serviços, transporte e com boa localização, vão concentrar boa parte das demandas em momentos em que as empresas vão selecionar os seus espaços corporativos com mais cautela. Em São Paulo, por exemplo, a vacância da região da Av. Paulista é de 12%, da Faria Lima é de 4% e da Vila Olimpia, de 8%, segundo dados da Buildings do 2º Tri de 2020, demonstrando que são regiões resilientes e terão um impacto muito reduzido durante a crise. São regiões que, devido às baixas taxas e vacância, escassez de terrenos e baixa atividade construtiva, deverão continuar tendo um equilíbrio saudável entre oferta e demanda.

Outro ponto a ser observado é que, mesmo com uma política de Home Office agressiva, o Facebook continuou seus planos de tomar espaços corporativos. Um dos motivos que podem ter levado a esta decisão é que trabalhar em home office e trabalhar no escritório trazem benefícios e desafios próprios. Enquanto o Home Office pode trazer mais produtividade para alguns tipos de trabalhadores, o trabalho no escritório consegue trazer mais interação entre as pessoas, e consequentemente mais criatividade, experiência e inovação. Ou seja, esse dilema também é de “Produtividade Vs. Inovação”, os dois principais benefícios de cada uma das modalidades, e empresas como Facebook não parecem querer abrir mão de um para ter o outro e sim buscar um equilíbrio entre os dois.


Algumas empresas já sabem disso há bastante tempo: a IBM era uma notória adepta do trabalho remoto desde a década de 1980. Em 2009, a companhia anunciou que economizou mais de 100 milhões de dólares com o fato de 40% da sua força de trabalho estar trabalhando de casa. Contudo, a percepção de desequilíbrio entre Home Office e Escritório fez com que a IBM alterasse toda sua política de trabalho remoto em 2017. Ela percebeu que a economia gerada pelo home office e o aumento de produtividade não seriam os únicos fatores a serem levados em consideração2. Como o principal driver de uma empresa de tecnologia é a inovação, não bastou ter os funcionários produtivos em casa. Eles também precisariam interagir entre si e buscar novas soluções para os problemas que surgissem. A busca pela inovação e criatividade foi crucial para que a IBM anunciasse uma retomada de volta para os escritórios.


A criatividade, que é a habilidade de combinar ideias diferentes para solucionar um problema, é uma atividade que é potencializada quando feita de forma espontânea e integrada com outras pessoas. Soluções disruptivas podem ser geradas através de uma conversa no café entre duas pessoas que trabalham em áreas completamente distintas e, por mais que a tecnologia tente imitar a dinâmica cotidiana, ainda não há interação e espontaneidade nos meios tecnológicos como há na vida real. De fato, a mente humana trabalha em uma velocidade mais rápida que a linearidade que um conferece call organizado pode prover.


Portanto, empresas como Facebook e IBM, que são referências em seus setores e grandes tomadoras de espaços corporativos, sabem da importância do escritório para disseminação da cultura da empresa, criatividade, inovação, constante aprendizado e interação entre os funcionários. A ações da Vornado (NYSE: VNO) já subiram mais de 10% depois do anúncio da locação do Facebook, à medida que os investidores também começam a ter esta percepção. Steve Roth, CEO da Vornado, acredita que os mercados, que hoje precificam uma incerteza muita grande nos preços dos ativos, deverão mudar quando esta névoa passar.


¹https://s23.q4cdn.com/623119702/files/doc_news/2020/08/Facebook-Leases-730-000-Square-Feet-at-Vornado-s-Farley-Building-(1).pdf
https://www.forbes.com/sites/elanagross/2020/08/03/facebook-leases-large-space-at-manhattans-farley-building-signaling-confidence-in-the-city-and-office-buildings/#36de3c916c90

²A história da estratégia da IBM no link a seguir: https://qz.com/924167/ibm-remote-work-pioneer-is-calling-thousands-of-employees-back-tothe-office/
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