ASSINE JÁ

Os primeiros passos nos EUA
POR
Daniel Malheiros (Malheiros_RBR)

top
Publicado em
09 / 05 / 2019
Foto Autor
Autor
Gestor da RBR Asset Management
Avaliações
1 Estrela 2 Estrela 3 Estrela 4 Estrela 5 Estrela
Os primeiros passos nos EUA

Almoço, dia 13 de março de 2019. Local, New York City.

...

RBR:Há quanto tempo você se mudou para NYC? Gosta daqui?

MF:Há mais ou menos 7 anos. Por ora, não tenho qualquer intenção de voltar ao Brasil, a não ser para visitar família e amigos. Aqui tem tudo: transporte, segurança, todos tipos de restaurantes que possa imaginar, cultura, diversão etc. No âmbito dos negócios, as coisas acontecem com muita rapidez, se você piscar, já foi. Americano é prático e bom executor. Eles sabem fazer negócios, e não à toa são a maior potência econômica mundial.

RBR:Ouvimos dizer que você está investindo em real estate em NYC. Pode dividir conosco?

MF:Verdade, tenho [investido] sim. Para mim é “no brainer” comprar imóvel aqui. NYC é a cidade mais resiliente do mundo, tem liquidez giga (cerca de USD 60 bilhões são movimentados no setor por ano), e mesmo no pior momento da crise de 2008, o mercado imobiliário sofreu pouco, passou por dois anos de queda de preços e depois retomou com força. Como referência, o PIB de NYC representa nada mais nada menos que 80% do PIB do Brasil. Aliás, eu tenho dificuldades em entender o porquê a maioria dos investidores brasileiros que tem patrimônio suficiente para comprar 5, 10 ou mais imóveis no Brasil, não opta por comprar 1 ou 2 em NYC. Simplesmente o retorno é compatível ao obtido no Brasil, mas o risco é bem menor!

RBR:Pois é, concordamos! Está aí uma reflexão simples e objetiva ao investidor brasileiro que gosta de imóveis; diversificar o próprio patrimônio em moeda forte, na cidade mais resiliente do mundo e com retorno atrativo – nos dias de hoje com Selic a 6,5%, pode fazer ainda mais sentido. Só para se ter uma ideia, é possível comprar um ativo performado (pronto) com retorno esperado de 10% ao ano para um prazo de 5 anos e alavancagem de 60% via estratégia value-add – retrofit, renovation, repositioning.

Esse bate papo se estendeu por 2 horas dentro do contexto “investimentos em imóveis em NY”. MF é uma sigla criada a um investidor/profissional do mercado imobiliário americano que possui a mesma visão que a RBR sobre investimentos em real estate na cidade de NY.

O objetivo desse artigo é começar a explorar o tema investimentos em imóveis nos EUA, que, na nossa visão, faz total sentido sob a perspectiva de alocação de recursos, risco/retorno e diversificação, em nossa opinião.

Não à toa, a RBR começou a estudar o mercado lá fora em 2016. De lá para cá, foram dezenas de viagens feitas, e algumas centenas de reuniões com developers, lenders, brokers, investidores, consultorias etc., para entender o mercado e buscar boas oportunidades de investimento.

Após essa imersão, a conclusão foi por viabilizar investimentos no segmento de multi-family (residencial para renda), pois entendemos ter uma boa combinação entre risco/retorno.

Um estudo realizado pelo NMHC (National Multifamily Housing Council) mostra que REITs (fundos imobiliários) de multi-family apresentaram a melhor relação risco/retorno com base no índice de Sharpe. Entre 1986-2016, o segmento teve um retorno médio anual de 9% a.a. (em um período de 7 anos), com risco (desvio padrão) de 2,81% a.a., gerando um índice de Sharpe de 1,21. Para fins comparativos, o segmento seguinte foi o de retail (lojas de varejo) com retorno médio de 8,68% e risco de 3,54% a.a., (índice de Sharpe de 0,85) – possivelmente, esse indicador deve ter piorado nesses últimos 2 anos diante do crescimento do e-commerce.

Em termos de drivers do segmento multi-family, o principal é o crescimento populacional, e NYC se destaca neste quesito. A cidade cresceu, em média, 2% a.a. ao longo dos últimos 30 anos (4% a.a. nos últimos 100 anos), e com perspectiva de crescer 1% a.a. ao longo dos próximos 10 anos. Em outras palavras, a demanda está garantida, todos precisam de uma moradia, um teto – claro, isso precisa ser casado com uma oferta balanceada para não haver pressão/compressão de preços.

Outros fatores também impactam o segmento...

A decisão entre comprar um apartamento e/ou alugar, inexoravelmente, está atrelada à relação do custo de comprar versus o custo de alugar. Quanto mais o preço de imóvel sobe, mais as pessoas procuram a locação. Sob o ponto de vista de pirâmide demográfica, a grande força de trabalho está concentrada entre 20-50 anos (40% da população), cuja taxa de desemprego se encontra abaixo de 4,5%. Desse total, dois terços representam a fatia que aluga um imóvel.

Muitos jovens se mudam para NYC em busca de emprego (tecnologia, mídia, financeiro, comércio, etc.). A sua grande maioria demora para se casar e ter filhos e cada vez mais a busca por maior flexibilidade de locomoção cresce. Além disso, a geração “milleniums” tem hábitos distintos dos das gerações anteriores e são menos propensos à moradia fixa.

Comprar um apartamento nos EUA é algo restrito, basicamente o custo mensal (juros + amortização de empréstimos imobiliários) é muito superior ao aluguel, e esse “gap” vem aumentando ano a ano, tornando inviável a aquisição do imóvel próprio para boa parte dos jovens. O homeownership, termo utilizado para proprietários de imóveis, vem caindo expressivamente. Como parâmetro, abaixo de 35 anos de idade, somente 37% da população tem casa própria, versus 43% em 2007, e, em NYC, esse número é ainda menor.

E mesmo com o custo de aluguel sendo menor que o de empréstimos imobiliários, ele ainda é relevante no orçamento das pessoas. Cada vez mais o conceito de co-living (compartilhamento de moradia) se faz presente, principalmente, pela redução de custos do locatário – é comum ter em NYC apartamentos com 3, 4 e até 5 quartos sendo compartilhados por estudantes e/ou trabalhadores. Aqui, vale mencionar um ponto àqueles que se interessarem no assunto: a conta mais utilizada como referência do valor do aluguel é por quartos e não por metros quadrados.

Hoje, uma das grandes preocupações do mercado é se estamos ou não entrando num late cycle das economias desenvolvidas, e se mesmo assim faria sentido comprar imóvel nos EUA. A resposta não sabemos, porém, mesmo que tenhamos chegado atrasados, isso não quer dizer que será refletido na mesma magnitude em todo o mercado imobiliário.

Como parâmetro, os preços dos imóveis vêm subindo constantemente desde a crise de 2008 em grande parte das capitais americanas. Porém, em alguns mercados como NYC, os preços começaram a ceder em 2016, e somente a se estabilizar em 2019. Por isso é tão importante olhar cada mercado (região) e segmento imobiliário isoladamente para entender em qual momento do ciclo imobiliário ele se encontra.  

E no caso de investimentos em multi-family, por mais que o investidor possa entrar no topo, ter a opção de carregar o ativo por 2 ou 3 anos, historicamente, tem se mostrado suficiente para, no mínimo, preservar o capital investido. 

Por fim, vale uma reflexão sobre como está a exposição do seu portfólio de investimentos no mercado imobiliário e as formas de buscar uma diversificação. Esse artigo foi uma introdução ao tema offshore, traremos mais análises e discussões em outras oportunidades.

À título de curiosidade, segue abaixo uma foto de um empreendimento de multi-family que adquirimos em NYC no ano passado, e que está neste momento passando por um retrofit e repositioning.

Empreendimento
Empreendimento em New York
Locação de condomínios logísticos segue em alta, apesar da pandemia
De janeiro a setembro, mais de 900 mil m² de condomínios logísticos de classes A+ e A no Estado de São Paulo receberam novos inquilinos, segundo a plataforma de pesquisa imobiliária SiiLA Brasil. Este desempenho é superior ao do mesmo período de 2019, quando a absorção bruta somou 741.690 mil m² ao longo do 1º, 2º e 3º trimestres. Somente no terceiro trimestre de 2020, 310.592 m² de galpões de alto padrão foram ocupados por novos locatários no Estado, um crescimento de 51,2% quando comparado com o 3º trimestre de 2019.
Foto Autor
Giancarlo Nicastro
16 / 11 / 2020 5 min de leitura
Petróleo e Gás perdem espaço nos escritórios do Rio de Janeiro
Empresas com atuação no setor de Petróleo e Gás são as que mais demandam espaços de escritórios na cidade do Rio de Janeiro. Se olharmos apenas os empreendimentos de alto padrão (A+ e A), esta predominância fica ainda mais evidente. De acordo com a plataforma de pesquisa SiiLA Brasil (Sistema de Informação Imobiliária da América Latina) do total de lajes de alto padrão disponíveis na cidade, o setor é responsável por locar 28,80% , isso no primeiro trimestre de 2020.
Foto Autor
Giancarlo Nicastro
18 / 06 / 2020 5 min de leitura
Qual o tamanho do mercado de FIIs?
Nesses 25 anos, o quanto ele evoluiu? Qual é o tamanho atual do nosso mercado? Atualmente existem 400 fundos imobiliários, com um patrimônio total de quase R$ 80 bilhões...
Foto Autor
Nathan Octavio
05 / 01 / 2019 5 min de leitura
O Clube FII preza pela qualidade do conteúdo e verifica as informações publicadas, ressaltando que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.