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ESG: a mensagem é clara (mas pouco compreendida pela indústria imobiliária)
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Andre Dias (AMD)

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Publicado em
16 / 09 / 2021
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Gerente de RI e Novos Negócios
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O compromisso com a sustentabilidade está se tornando absoluto em todas as indústrias, e não é diferente para os escritórios. As mais diversas empresas já se comprometeram a zerar as emissões de carbono até 2050 (prazo em que os especialistas indicam como limite para zerar as emissões e evitar efeitos piores ao clima), com muitas delas colocando metas ousadas já para 2030. O tema, na verdade, não é novo. O Google, por exemplo, se diz neutro em emissões de carbono desde 2007.


Atualmente, a preocupação ambiental virou quase que onipresente. Com isso em mente, e pensando nas ocupações das empresas em 3, 5 ou 10 anos, qual escritório elas vão preferir ocupar: os mais ou menos eficientes? As certificações sustentáveis LEED Gold, LEED Platinum ou NetZero serão um diferencial na hora da escolha de suas sedes? Talvez essas empresas nem tenham a opção de considerar prédios menos eficientes, dados os compromissos já assumidos e os custos que a pegada de carbono provavelmente terá no futuro. Isso nos leva a pensar, será que ativos sustentáveis serão precificados de maneira similar àqueles com pouca ou nenhuma preocupação ambiental?


Outro aspecto importante é a questão social (o ‘S’ do ESG). São inúmeros os impactos que os edifícios causam ao seu entorno, alguns positivos e outros negativos. Cada vez mais os desenvolvimentos imobiliários devem ser inclusivos ao seu entorno e às pessoas. Um relatório recente do GRESB traz um conceito interessante de eficiência para edifícios, em que ela seria medida pela quantidade de pessoas e pelo tempo de uso que elas podem fazer do empreendimento. Lugares que possam ser usufruídos por diferentes pessoas, 24h por dia e 7 dias por semana seriam os mais eficientes.


Curiosamente, a principal região de escritórios de São Paulo, a Faria Lima, ficou praticamente deserta durante a pandemia com os escritórios fechados. Uma falta de outros tipos de serviços, áreas verdes e públicas e outras amenidades tornam esta região pouco explorada fora do horário comercial. Uma revitalização das áreas privadas abertas ao público de alguns dos edifícios pode ajudar a transformar positivamente esta região da cidade, que é o coração financeiro do Brasil.


Desde nossa fundação em 2007, a Autonomy investe no desenvolvimento de ativos sustentáveis com retornos financeiro no primeiro quartil. O Rochaverá (primeiro LEED Gold do Brasil), precursor dos espaços de fruição pública em São Paulo, oferece à cidade 10 mil m² de áreas livres verdes (com espécies da mata atlântica), conectada à rede de transporte público. Ocasionalmente, vemos moradores da região andando com seus cachorros neste jardim. Quem disse que um edifício corporativo não pode contribuir com a melhoria do bairro onde está inserido?


Buscamos levar este conceito a outro patamar no Moinho Fluminense, projeto que estamos desenvolvendo no Rio de Janeiro, compreendendo o retrofit de um patrimônio industrial de 1880, que acolherá não somente a comunidade local, mas todos os cariocas e visitantes com espaços de trabalho e de experiência, tornando-se um novo ícone da cidade. Estes investimentos reforçam a nossa crença de que os ativos mais valorizados são aqueles que, além de excelente localização e padrão construtivo, incorporam inovações sustentáveis e sociais.


O Clube FII preza pela qualidade do conteúdo e verifica as informações publicadas, ressaltando que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.