Copom eleva taxa de juros Selic em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano
Decisão veio conforme esperado pelo mercado

O Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) em 1 ponto percentual na noite desta quarta-feira, 19 de março. Desta forma, após o fim da segunda reunião do colegiado realizada em 2025, a taxa passa de 13,25% para 14,25% ao ano.
A decisão, que visa o controle inflacionário, veio conforme esperado pelos agentes do mercado, tendo em vista a sinalização do colegiado na reunião de janeiro.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”, destacou o comunicado.
A política monetária contracionista iniciou no segundo semestre de 2024 e tende a continuar, de acordo com perspectivas do mercado financeiro. No último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta semana, a projeção de economistas consultados pela autarquia indicava uma taxa Selic de 15% ao final do ano.
Para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a estimativa é de 5,66% - acima do teto da meta estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O centro da meta é atualmente de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. Em fevereiro, o IPCA subiu 1,31%, maior patamar para o mês desde 2003, levando o indicador em doze meses a 5,06%, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Impactos nos Fundos Imobiliários
Os juros elevados afetam de forma negativa todo o mercado de renda variável, não somente os Fundos Imobiliários (FIIs), lembra Danilo Barbosa, sócio e head de research do Clube FII.
“Mas essas altas, principalmente essa, já estavam precificadas nos fundos, então a gente não deve ter variações muito altas dentro da volatilidade normal dos fundos”.
Os fundos estariam em patamares muito descontados e os preços atuais já refletem a incerteza do mercado, incluindo o cenário macroeconômico difícil e a proximidade das eleições, na visão de Barbosa.
“Isso continua configurando excelente oportunidade para o carrego, uma vez que a Selic é uma medida na canetada para conter a inflação, e quando isso for feito, quando a inflação arrefecer, a gente deve ter um cenário macroeconômico melhor, ou pelo menos um pouco melhor e mais controlado em termos de contas”, ressalta o sócio e head de research do Clube FII.
Tipos de fundos afetados de formas distintas
As modalidades de Fundos Imobiliários (FIIs) tendem a ser afetadas de forma distinta pelo aumento da taxa Selic, de acordo com José Alexandre Freitas, CEO da Oliveira Trust. Enquanto os fundos de tijolo, que investem diretamente em imóveis para construção e desenvolvimento, devem ser afetados pelo aumento no custo da construção e retração no mercado imobiliário de venda (residencial ou comercial), os fundos de renda, que geram rendimentos por meio da locação de imóveis, enfrentam o desafio de oferecer uma rentabilidade competitiva em relação à Selic.
No entanto, Freitas pondera que muitos contratos de aluguel são reajustados conforme a inflação e, com o aumento das taxas de financiamento imobiliário, aumenta a demanda por locação. “Esse efeito de oferta e demanda pode elevar o valor dos aluguéis, o que beneficia os fundos de renda. Assim, embora sejam impactados negativamente pela Selic, não sofrem tanto quanto os fundos de desenvolvimento imobiliário”, detalha.
Já os FIIs de papel tendem a se beneficiar do aumento dos juros, segundo o CEO da Oliveira Trust. “Quando a venda de imóveis se torna mais difícil, muitos proprietários recorrem a empréstimos com lastro imobiliário, impulsionando a demanda por esses ativos”.
Além disso, os fundos de papel “investem em outros títulos de renda fixa de natureza imobiliária, frequentemente atrelados à Selic, o que pode tornar suas operações ainda mais atrativas em períodos de alta dos juros”.