Impressionante como grande parte dos investidores não faz a menor ideia de onde colocam seu dinheiro.
Os rolos com HCTR e demais FIIs de papel High Yield (aliás, este é um nome bem marqueteiro, o mais "correto" seria High Risk) começaram faz tempo, sobretudo depois da pandemia e da disparada do IGPM. Com o indexador subindo rapidamente, o cotista ficou feliz pois o rendimento tb subiu, mas ele deveria é ter ficado preocupado pois do outro lado do CRI tem um empreendedor pagando a conta e, como bem sabemos, empreender não é moleza, ainda mais no Brasil.
Ademais, o rendimento era maior somente nominalmente. O ganho real seguia basicamente o mesmo, o que cresceu muito foi justamente o risco destas operações.
O primeiro problema que me lembro em HCTR foi com o Shopping Feira da Madrugada, na região da 25 de março. É óbvio que fazer um empreendimento formal no meio daquele camelódromo enorme, com corrupção já estrutural, tem grande chance de enfrentar problemas.
Os rolos mais recentes envolvem os empreendimentos de multipropriedades, aqueles em que vc é convidado para um almoço grátis num restaurante chique, com bebida à vontade e atendimento de primeira. O foda é que muita gente só descobre que não existe almoço grátis depois de se refestelar e assinar um contrato de compra de um % ínfimo de um quarto de um hotel enorme, com uma taxa de distrato absurda. Alto risco, sem dúvida.
Enquanto tudo corre bem, quando só aparece o lado "High yeld" do ativo, é só alegria. Gestão é competente, FII é o melhor investimento para o iniciante, etc, etc. Não à toa, HCTR é dos fundos com maior quantidade de cotistas do mercado: 1 em cada 10 investidores de FII tem HCTR na carteira.
Será que esses mais de 200 mil cotistas sabiam o risco que estavam assumindo? Ou será que aceitaram alegremente o convite para um "almoço grátis"?
A resposta fica clara quando o lado "High Risk" se mostra. De uma hora para outra, FII vira pirâmide, gestor é pilantra, CVM não funciona, etc, etc.
Espero que todos que estão aqui choramingando não terceirizem a culpa e assumam a responsabilidade pelo que fazem com seu dinheiro. Que aprendam a gerenciar risco via diversificação e a analisar os fundamentos dos ativos em que investem.