Olá, colegas!
O tema é vasto, mas vou tentar se conciso. Qual é o retorno esperado de um ativo no longo prazo? Um colega aqui falou sobre fluxo de caixa. Este é o melhor método, mas ele é muito impreciso no sentido que é difícil saber qual será o fluxo de caixa de uma empresa, ou fundo imobiliário, daqui a 10 anos. Difícil saber também qual é a taxa de desconto para trazer tudo isso a valor presente. Entretanto, é uma ótima ferramenta para termos noção de uma faixa de valores em que o ativo pode ter o seu “preço justo”. Entretanto, há uma ferramenta ótima para saber de forma aproximada os retornos potenciais de um ativo. Ela é abordada em muitos livros estrangeiros, mas falarei aqui da análise feita pelo Malkiel em seu clássico “A Random Walk down Wall Street”.
RETORNO DE UM ATIVO = DIVIDEND YIELD + CRESCIMENTO DOS LUCROS + MUDANÇA NA PRECIFICAÇÃO
Os dois primeiros elementos são intuitivos e claros, o terceiro é algo quase nunca abordado, e talvez o aspecto mais importante. Antes de mais nada, é impressionante como essa simples fórmula explica os retornos dos ativos olhando em retrospectiva. No livro citado, o autor analisa o retorno de 4 períodos da história americana depois da segunda guerra mundial. É interessante notar que as ações americanas entre os anos 2000 a 2009, considerada pelo autor como a década perdida, tiveram retorno real negativo. Porém, não foi um problema com o lucro das empresas, na verdade o lucro das empresas (ele estava analisando o lucro empresarial das empresas do S&P500) cresceu significativamente, não muito diferente de outros períodos da história americana sobre análise. Então, por qual motivo as ações durante 10 anos retornaram uma rentabilidade real negativa? A resposta: mudança de precificação. O que isso quer dizer?
Simplesmente, é quanto os participantes do mercado estão dispostos a pagar por uma unidade de lucro. Como assim? Num determinado período, o mercado pode estar disposto a pagar por cada unidade de lucro da ABEV, por exemplo, 20 vezes (não irei discutir nesse tópico, a diferença de preços entre entidades de crescimento ou de valor e o motivo para haver diferença). Assim como no caso do mercado acionário como um todo no começo da década passada, os agentes estavam dispostos a pagar 30 unidades para cada unidade de lucro. Qualquer mudança nessa percepção, irá ter consequências no preço dos ativos, independente dos seus fluxos de caixa.
Assim, no final de 2009, os agentes no mercado acionário americano não estavam dispostos a pagar 30 unidades monetárias por cada unidade de lucro, mas sim algo em torno como 15. Essa mudança de percepção do mercado é que fez com que o retorno do mercado acionário como um todo fosse uma tragédia para os americanos.