Materia de Hoje do Valor Ecnonõmico sobre o THRA11:
Cotista quer barrar venda de imóvel de fundo
sexta-feira, 17 de junho de 2016 - Por Alessandra Bellotto De São Paulo
Cotistas do fundo imobiliário Cyrela Thera Corporate estão se mobilizando para evitar que o único ativo do fundo - cinco andares no edifício Thera, localizado na região do Itaim, em São Paulo - seja vendido com o que consideram prejuízo. Em 19 de maio, o BTG Pactual, na condição de administrador da carteira, recebeu uma proposta para a venda do imóvel por um valor, segundo os investidores, cerca de 27% abaixo da média de transações recentes no próprio prédio e proximidades. Até que a proposta fosse levada para deliberação de cotistas, o potencial comprador pediu anonimato.
Além de manifestarem insatisfação sobre o negócio em assembleia em 31 de maio, esses investidores solicitaram à CVM, em carta de 3 de junho, que intercedesse junto ao BTG para que "os interesses da maioria dos cotistas fossem preservados". Os investidores questionavam, além do sigilo do comprador e do prazo considerado curto para avaliação da proposta, o valor da oferta, de iniciais R$ 9,5 mil o metro quadrado (um total de R$ 100,5 milhões), elevados posteriormente a cerca de R$ 10 mil.
Em documento de 27 de maio em que solicita ao BTG o envio aos demais cotistas de pedido de procuração para voto contrário ao negócio, Edgar Boicenco, detentor de pelo menos 0,5% das cotas de emissão do fundo, ressalta que o valor oferecido pelo imóvel está abaixo da média de R$ 13 mil o metro quadrado de transações realizadas recentemente, porém em momento político e econômico mais controverso. "Na atual conjuntura de provável tendência de queda da taxa de juros, temos uma perspectiva de grande valorização de um ativo imobiliário com rating 'AAA' em localização privilegiada", justifica. O grande temor desses investidores é que para aprovação do negócio basta maioria simples de cotistas presentes em assembleia.
A assembleia para votar a proposta foi convocada em 25 de maio para 7 de junho, ou seja, dentro do prazo mínimo legal de dez dias. Contudo, como o comprador decidiu elevar o valor na véspera, o BTG convocou nova assembleia para deliberar sobre a proposta atualizada para 8 de julho.
Na assembleia do dia 7, o nome do potencial comprador foi revelado, o que acabou reforçando a insatisfação de alguns cotistas. A empresa é a Barzel, de Nessim Daniel Sarfati, ex-executivo da Cyrela Commercial Properties (CCP) - que desenvolveu o empreendimento e atua como consultora do fundo. Em dezembro, a Barzel adquiriu dez andares do edifício Thera da própria CCP, por cerca de R$ 11,2 mil o metro quadrado, acima da proposta feita ao fundo. A empresa foi criada em 2015, como uma gestora com foco em prédios comerciais a preços deprimidos.