Como a gestão não dá muita transparência a respeito do impacto da alavancagem sobre o resultado do fundo, tentei levantar algumas informações sobre receitas e despesas resultantes de aplicações financeiras.
Os dados abaixo foram levantados nos Informes Trimestrais disponíveis no sistema FundosNET.
A conta que, ao meu ver, pode trazer alguma possível informação sobre o impacto das operações compromissadas é a "Outras receitas/despesas de aplicações financeiras", dentro do item "Recursos mantidos para as necessidades de liquidez".
Lembrando, novamente, que não há como afirmar precisamente que essa conta traz exatamente a despesa com operações compromissadas, visto que não há um detalhamento dentro do Informe. Contudo, acredito que há uma boa chance da despesa com compromissadas ser boa parte dos valores discriminados sob este item.
O relatório gerencial de Dezembro/2021 foi o primeiro a trazer uma menção às operações compromissadas:
"Adicionalmente, informamos que a gestão do Fundo optou por realizar, provisoriamente, operações
compromissadas reversas lastreadas em CRIs. Tais instrumentos permitem uma alocação maior de recursos
em CRI, o que contribui para aumentar o retorno do Fundo, mas em especial proporciona maior flexibilidade e
velocidade de alocação dos recursos das emissões de cotas. Dessa maneira, acreditamos que os instrumentos
são construtivos para o processo de gestão do veículo. Vale destacar que as operações compromissadas
realizadas tem longo prazo de vencimento e são cuidadosamente monitoradas pela equipe de gestão de riscos
da Kinea, atendendo critérios como liquidez, percentual máximo no fundo e custo. O fundo possui atualmente,
aproximadamente, 10% do PL nas referidas operações."
https://fnet.bmfbovespa.com.br/fnet/publico/visualizarDocumento?id=252846&cvm=true
A conta "Outras receitas/despesas de aplicações financeiras", dentro dos Informes Trimestrais, permaneceu zerada durante 2019 e 2020. A partir de 2021, começaram a ser efetuados alguns lançamentos de despesas:
1S 2021
-2.357.775,57 (Contábil)
2S 2021
-12.390.477,89 (Contábil)
-4.976.746,88 (Financeiro)
1S 2022
-27.324.894,11 (Contábil)
2S 2022
-13.427.089,02 (Contábil)
-26.745.807,98 (Financeiro)
1S 2023
-18.434.739,08 (Contábil)
3T 2023
-19.688.176,88 (Contábil)
-459.165,10 (Financeiro)
Lembrando que esses valores, possivelmente, são apenas as despesas das operações compromissadas. Com os dados disponíveis, não é possível calcular o quanto eles geraram de impacto positivo ou negativo sobre o resultado gerado com CRIs, visto que não são informados os custos financeiros a que essas operações foram realizadas (taxa de juros), bem como não é possível determinar se há ou não um casamento entre os indexadores das operações compromissadas e os CRI que foram os ativos-alvo de investimento com os recursos captados a partir delas.
[CONTINUA A SEGUIR]